quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O Beijo.


Vamos ali, foi a primeira coisa que ela disse ao encontrá-lo na festa. Ele a seguiu cegamente por causa do maldito drink que bebera um pouco antes dela chegar. Não adiantava negar, o jeito dele jogado tinha de alguma forma estranha a cativado. Ela era apenas uma menininha ruiva, cheia de sardinhas que adorava encher a paciência dele com conversas dificeis. A festa estava lotada, tinha dado muito mais gente do que o previsto, muito mais gente do que aquela sala pra 20 pessoas, o cheiro de cigarro era quase insuportável, só não era pior do que a cena da menina no banheiro, melhor nem comentar.
Depois de desviar de bêbados, conhecidos, desconhecidos, de mãos indecentes, de ataques furtivos de gente desconhecida chegaram ao jardim da casa. Ela estranhou ao vê-lo a noite, cheio de casais no chão, estava acostumada com a imagem bucólica que havia construido daquele local. Ele animou-se ao ver uma colega da universidade que tentava fazer uma aproximação mais íntima desde o semestre passado, ela não o poderia ver do lado da ruivinha, estragaria sua imagem impecável de amante das mais belas, já que a ruivinha era sardenta e não chegava nem perto das mulheres que estava acostumado a sair. Ela percebeu um certo incomodo vindo dele, mas não soube dizer sobre o que era, não tinha notado a presença da bela universitária conhecida dele. Ela continuava o puxando para mais longe, queria que ele visse a cidade da parte de cima do terreno daquela casa, de lá dava pra ver a pequena Lima quase toda era uma visão muito bonita a noite. Alcoolizado ele foi, mas não queria ir, queria tentar a aproximação com a loira da universidade. Chegaram ao ponto mais alto.
Ele percebeu que o lugar já estava preparado para chegada de duas pessoas, havia uma toalha quadriculada no chão (parecida com a do filme francês que assistira uma semana antes) e sobre ela uma cesta com uma garrafa de vinho e uns petiscos. Ela puxava-o com mais força para que chegasse logo a toalha, queria abrir o vinho antes que esquentasse. Ele viu-se sentado ao lado da ruiva, por um momento, talvez seja culpa da lua minguante ela pareceu-lhe bonita, mas logo voltou ao normal e fingiu esquecer o que tinha visto.
Ela estava apanhando pra conseguir abrir o vinho, até o momento que ele tomou a garrafa de suas mãos e abriu de qualquer forma jogando a rolha para longe. Cena tão máscula, a cada momento a menina encantava-se mais com ele. Ela esperava o momento certo para tentar beijá-lo, não queria que o primeiro beijo saísse de forma errada, queria passar uma impressão boa, de que era experiente mas não o suficiente e que precisava ser ensinada. Ele não parava de pensar na oportunidade que estava perdendo, só por estar do lado dessa menina. Por que tinha aceitado esse convite estúpido? Essa pergunta não saía de sua cabeça.
Depois de um longo e insistente silêncio ela puxa o assunto sobre futebol. Ele empolga. Os dois começam a quase gritar de tanta euforia. Ele não sabia que meninas gostavam de futebol, ele não sabia que meninas entendiam futebol. O assunto acabou mas a conversa não. Ele nem percebeu mas já tinham mudado de assunto umas cinco vezes, ela havia percebido e comemorava mentalmente a vitória.
A garrafa já estava vazia, não havia mas petiscos e a conversa já estava calma mas ainda interessante. Ela já estava tonta, não aguentava beber mais que uma taça de vinho e tinha tomado mais da metade daquele Merlot 2006. Ele já estava bem mais sóbrio e ficava rindo por ela ficar vermelha quando bebe.
Ela acabou adormecendo enquanto ele falava sobre como é difícil o curso de medicina. Não que ela achasse aquela conversa chata, mas o efeito da bebida foi mais forte. Mais uma vez ele viu rapidamente que ela era uma garota bonita e que as sardas já não eram tão repulsivas assim. Ele foi aproximando-se aos poucos para beijá-la quando de repente a loira aparece com um guarda-roupas do lado, rindo muito e visivelmente alterada. Ele se afasta rapidamente da ruivinha, não poderiam vê-lo em momento íntimo assim com ela. Não viram, estavam ocupados demais com outras coisas naquele momento, tão ocupados que sua presença não havia nem sido notada, tamanha era a sua insignificancia naquele momento.
Ele deitou do lado dela, não queria acordá-la então evitou fazer o máximo possível de movimentos. Por que tinha parado? Ela não era tão feia assim. Na verdade era bem bonita. Sua pele branca e lisa como seda, seus cabelos ruivos enrolados e as pequenas sardas em sua bochecha. Era magra e mesmo assim conseguia ter um belo par de coxas bem torneadas. Sua beleza parecia sublime a luz da lua. Não demorou muito o sol nasceu. O medo daquele momento era visível no rosto dele. Talvez como um conto de fadas ela voltasse a ficar normal, pra não dizer sem graça novamente a luz do sol. Mas não, ela continuava linda.
Ele tentou acordá-la, mas não havia conseguido de forma alguma. De repente ele sentiu a pele muito gélida daquela menina. Não poderia ser. Ele buscou pelo corpo dela algum sinal vital. Não poderia ser. O desespero, o pânico. Não poderia ser.
Natasha Neimbergue acorda. A ruivinha estava bem. Felipe Stolker só havia ficado muito nervoso e entrado em pânico. Ele finge que nada aconteceu. Ela tenta lembrar de alguma coisa. Os dois vão para casa. Não sei se voltaram a se encontrar depois daquele dia.
8D

3 comentários:

CaH disse...

Tem continuação!???

Anônimo disse...

Não sei. =x

CaH disse...

Ah vah! ;X